Em um mesmo indivíduo, mesmo que sua essência geral seja uma única, existem diversos personagens. Tais personagens são criados e orientados de acordo com um determinado enredo, que na maioria das vezes acaba sendo elaborado e manipulado a partir do capital o principal autor das atuações humanas.
As diversas faces e atuações assumidas pelo humano no palco terrestre, tiveram seu início quando o homem se reconheceu ser pensante e sentinte, e a partir disso viu-se em necessidade de trocas de conhecimentos, pensamentos e sentimentos, ocasionados antes de tudo pelo novo desejo humano, o de "ser", o de "reconhecer-se". Entretanto, para reconhecer-se, o homem precisou começar a ser reconhecido, para formular a partir de fatores e opiniões externas como deveria se portar. Foi deste modo que a sociedade surgiu.
A sociedade, como a denominação já diz, é um grande organismo que funciona de acordo com as relações conjuntas e recíprocas entre diversos indivíduos, os quais podem ser harmoniosas ou não. Quem dita se estas ações serão de um ou de outro tipo, são os mecanismos de reconhecimento e aceitação social. Entre eles estão os atos, as ideologias e o mais severo deles, a posse; esta grande filha do capitalismo.
A posse pode ser material ou intelectual. A intelectual é obrigatoriamente fruto da material, e é esta quem torna previsível ou não o comportamento de um indivíduo perante a sociedade capitalista. Se este estiver dentro dos padrões econômicos exigidos pela fração intelectualizada, irá se portar de acordo com as ideologias desta, ao contrário, portar-se-á como a fração que busca chegar à essa intelectualização, logo adequando-se e tornando-se suscetível às diversas situações externas lhe impostas.
É a partir dessas análises e retrospectos, que chega-se a conclusão de que o homem nunca é um mesmo ser, mas sim vários em diversas situações. Entretanto, torna-se vários, pois é impelido a agir de tal maneira, pois a escolha que lhe é oferecida é uma única: adequar-se ao meio em que está.
Lisi B.