quarta-feira, 19 de maio de 2010


Adoro Millor Fernandes, na minha opnião, esta poesia é uma das melhores de suas produções =]]
Poesia Matemática
Millôr Fernandes

Às folhas tantas
do livro matemático
um Quociente apaixonou-se
um dia
doidamente
por uma Incógnita.
Olhou-a com seu olhar inumerável
e viu-a do ápice à base
uma figura ímpar;
olhos rombóides, boca trapezóide,
corpo retangular, seios esferóides.
Fez de sua uma vida
paralela à dela
até que se encontraram
no infinito.
"Quem és tu?", indagou ele
em ânsia radical.
"Sou a soma do quadrado dos catetos.
Mas pode me chamar de Hipotenusa."
E de falarem descobriram que eram
(o que em aritmética corresponde
almas irmãs)
primos entre si.
E assim se amaram
ao quadrado da velocidade da luz
numa sexta potenciação
traçando
ao sabor do momento
e da paixão
retas, curvas, círculos e linhas sinoidais
nos jardins da quarta dimensão.
Escandalizaram os ortodoxos das fórmulas euclidiana
e os exegetas do Universo Finito.
Romperam convenções newtonianas e pitagóricas.
E enfim resolveram se casar
constituir um lar,
mais que um lar,
um perpendicular.
Convidaram para padrinhos
o Poliedro e a Bissetriz.
E fizeram planos, equações e diagramas para o futuro
sonhando com uma felicidade
integral e diferencial.
E se casaram e tiveram uma secante e três cones
muito engraçadinhos.
E foram felizes
até aquele dia
em que tudo vira afinal
monotonia.
Foi então que surgiu
O Máximo Divisor Comum
freqüentador de círculos concêntricos,
viciosos.
Ofereceu-lhe, a ela,
uma grandeza absoluta
e reduziu-a a um denominador comum.
Ele, Quociente, percebeu
que com ela não formava mais um todo,
uma unidade.
Era o triângulo,
tanto chamado amoroso.
Desse problema ela era uma fração,
a mais ordinária.
Mas foi então que Einstein descobriu a Relatividade
e tudo que era espúrio passou a ser
moralidade
como aliás em qualquer
sociedade.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Como a carência é ingrata! Necessitamos sempre de um complemento para sermos felizes. Entretanto, a verdadeira felicidade deve ser alcançada primeiramente no eu interior, e não ser projetada em um objeto de desejo; pois, ser feliz não é absorver, possuir, e sim ser absorvido, entregar-se de corpo e alma, da parte ao todo. 


Lisi B.

sábado, 15 de maio de 2010

E aí galera, tudo em ordem? Hoje decidi que discutiria sobre um tema pouco lembrado em meio ao nosso individualismo ... 

    Num mundo tão marcado pelo individualismo, e que a cada dia se distância mais da convivência harmoniosa entre humanos, torna-se difícil acreditar e relembrar que as duas mais importantes faíscas da chama da paz continuam ativas. A rotina frenética nos fez esquecer que a solidariedade e a esperança são quem condicionam as nossas relações sociais, além de nos alienar com a idéia de que a esperança não é última que morre, e sim a primeira.
   Esse processo de esquecimento e frieza teve seu complexo de ativação quando o homem passou a acreditar que poderia caminhar somente com suas próprias pernas, e edificar impérios com os próprios braços. Isso é bem verificável nas ideologias capitalistas, principalmente na norte americanas, que acreditam que todos sempre têm as mesmas oportunidades, e abraçá-las com força é uma questão de competência pessoal. O fato é que pensar que o caminho pessoal é construído individualmente, é ilusão.
  Nascer parece simples, entretanto até para isto um dia precisamos da solidariedade e da esperança. Da primeira, para nos retirar do aconchegante porém temporário leito materno, da segunda para nos trazer de modo acolhedor e confiante à vida. É justamente nesse ponto que entendemos que nosso caminho já se inicia com o auxílio de outras mãos. Logo, viver é estar constantemente conectado com o próximo, e como numa construtora civil, edificar as estruturas da boa convivência.
   Porém, como a mão que executa o violão continua sendo aquela que origina a guerra, como diria Marcos Valle, é preciso que o ânimo e a confiança volte a habitar a consciência de cada um, pois os atuais males do século, a depressão, a solidão, atingem milhares de indivíduos. Se abraços, sorrisos e o simples ato de auxiliar aquele que cai fossem produzidos em série, a cura para tais males já teria sido efetivada.
   Viver é muito mais do que fechar-se em quatro paredes. Viver é portar-se como uma célula que ligada a outras constitui tecidos, órgaos, sistemas e por fim este grande organismo que chamamos de civilização humana. Se estas células falharem individualmente, os danos serão medianos; se falharem em conjunto, serão preocupantes , entretanto se atuarem de modo efetivo, o funcionamento harmonioso de tal organismo será preciso, perfeito.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Escrivaninha

Na escrivaninha bege, livros, flores, dores;
Resquícios de um amor não correspondido
Resquícios de alegria
Que em doce fantasia
Ja promoveram a harmonia em quem tanto quis sofrer
Em quem tanto, numa tentativa frustrada, quis amar.


Lisi B.