sábado, 19 de junho de 2010

Obscuridade

   Certo estava Schopenhauer ao dizer em um de seus escritos "quanto menos instruído um homem é, menos misteriosa lhe parece a existência", pois de fato, quanto mais o desejo pela verdade absoluta é instigado, mais a obscuridade é oferecida àquele que procura a clareza. Se o todo não é compreendido, o questionamento e a argumentação são nulos, e a passividade é o único desfecho.
    O Fato é que as verdades absolutas se adequam ao contexto histórico em que estão situadas. É possível classificá-las em dois grandes grupos; um anterior ao início das grandes navegações e outro posterior a estas, o qual é presenciado atualmente. No primeiro grupo, as fontes de conhecimento seguras, são as provenientes das divindades, de algo superior ao ser que reflete; já no segundo naipe, as reflexões lógicas são frutos das descobertas e análises do próprio indivíduo. 
  Tal classificação é possível pois foram justamente nas grandes navegações que o homem sentiu-se totalmente independente e responsável por seus atos, o que conferiu a alforria da conformação imposta pela medievalidade, e o surgimento de uma nova era ideológica, a do capitalismo. Dentro do capitalismo, as verdades e o entendimento advém da circulação de informações, e nunca uma mesma teoria é vista de uma única maneira, pois a liberdade de expressão faz com que esta seja questionada. Entretanto, a maior das verdades dentro desse sistema ideológico, é que o entendimento do mundo a volta é quem insere o indivíduo ativamente na sociedade, e tal entendimento é obtido quando se tem capital. Ou seja, o conhecimento tornou-se algo financiável. 
  Foi a partir deste financiamento do conhecimento que o homem passou a buscar o sucesso material e idolatrar um novo deus, o Dinheiro. Para ter acesso a tal deus, passou a pautar-se pelo pensamento maquiavélico de que "os fins justificam os meios". Logo, tornou-se suscetível a manipulação dessa nova religião. A nova ideologia imposta por esta, passou a pressionar o humano de tal maneira que o tornou uma bomba atômica, que emite radiações leves como o estresse, desde a radiações intensas como o suicídio.
   A busca incessante pela luz, transformou-se em individualismo, introspecção, e o homem que tanto buscou a independência ideológica, viu novamente como única saída o apego a um ser maior. O Saber excessivo tornou-se esquizofrenia e a hegemonia político-  sócio - econômica fraqueza.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Entre Chips e Circuitos

Aqui vai, problemas ambientais e urbanos. Tentei abordar o problema do lixo eletrônico, tão presente no dia-a-dia. Opinem! =]]



            Ilhas de eletrônicos com as dimensões do Texas a boiar no Pacífico; algas cedendo seus lugares no plâncton a chips; lixões coletivos mundiais sendo formados. Este é o atual perfil artístico do planeta, criado e repaginado constantemente pelas grandes potências, e até passível de comparação com as obras de Roger Dean pelo seu caráter psicodélico e impactante.
            Este estilo paisagístico vem sendo instituído desde a terceira fase da revolução industrial, quando nesse período surge sua principal essência, o resíduo eletrônico. Durante a revolução técnico-científica, graças ao avanço do física, a informática e a automação industrial tiveram seu desenvolvimento. Surgiram indústrias dos mais diversos produtos de bens de consumo, fabricando desde a velha e conhecida televisão, até o moderno ipad, além do descontrolado desejo de consumo. As nações desenvolvidas passaram a mergulhar em rios de tecnologia, e as subdesenvolvidas em mares de dejetos gerados pelas primeiras, ou seja, tornaram-se grandes aterros.
            Essa é uma realidade que a cada dia se expande mais. Enquanto a Europa e a América do Norte produzem toneladas desses resíduos e as evacuam para países emergentes, estes mesmos produzem internamente uma tremenda quantidade de                    e-waste, devido ao estágio de desenvolvimento em que se encontram, e logo, ficam cercados por muralhas residuais. O Brasil é um bom exemplo; importa lixo eletrônico e produz em média meio quilo de tal tipo de lixo por habitante ao ano. Por falta de estrutura, a reciclagem de todo o lixo presente nessas nações torna-se dificultosa, e ocasiona uma série de danos naturais e urbanos. A única exceção é a China, que se adequa muito bem a essa situação, e retira fortunas da reciclagem do lixo ocidental.
            Entretanto, as piores conseqüências de todo este ciclo são observadas no continente africano, onde o tóxico lixo eletrônico tem um fim inadequado, gera poluição, contamina a água em algumas áreas escassas, gera doenças, e torna a dramática situação vivida pelos povos deste continente mais caótica. A piedade e a compaixão falsamente demonstradas pelas grandes potências em relação ao continente, são extintas quando se trata de situações como essa.
            Como a igualdade social e o extermínio da subordinação de países subdesenvolvidos a países desenvolvidos são utopias, as únicas saídas para a melhoria desta frustrante situação são crer que convenções que abordam essa temática possam sancionar de maneira efetiva o destino e o fim deste lixo, ou esperar e assistir a transformação da crosta terrestre num grande emaranhado de circuitos de cobre e silício.

Lisi B.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Mais poeminhas =]

Obscuridade

Se procuras saber quem de fato sou
Leia-me, mas não com olhos desatentos
Leia-me como uma carta anônima,
Leia-me como um enigma.
Só não me leia como um bilhete bobo de amor
Pois bilhetes bobos de amor são apenas pedaços de papel
Papéis que por vezes trazem certa nostalgia
e nostalgia, ah, esta não cabe a ti, a mim.
O que cabe a nós é o agora.
Desvende-me como quem analisa a alma.
Esqueça o que dizem minhas palavras vazias,
Concentre-se no que dizem meus olhos.
Verás então que o que estes dizem, é o que dizem os seus.
Leia-me; duas ou três vezes, se preciso for;
Entenda-me...
E, depois, corrija-me e me escreva novamente.

Lisi B.