Ilhas de eletrônicos com as dimensões do Texas a boiar no Pacífico; algas cedendo seus lugares no plâncton a chips; lixões coletivos mundiais sendo formados. Este é o atual perfil artístico do planeta, criado e repaginado constantemente pelas grandes potências, e até passível de comparação com as obras de Roger Dean pelo seu caráter psicodélico e impactante.
Este estilo paisagístico vem sendo instituído desde a terceira fase da revolução industrial, quando nesse período surge sua principal essência, o resíduo eletrônico. Durante a revolução técnico-científica, graças ao avanço do física, a informática e a automação industrial tiveram seu desenvolvimento. Surgiram indústrias dos mais diversos produtos de bens de consumo, fabricando desde a velha e conhecida televisão, até o moderno ipad, além do descontrolado desejo de consumo. As nações desenvolvidas passaram a mergulhar em rios de tecnologia, e as subdesenvolvidas em mares de dejetos gerados pelas primeiras, ou seja, tornaram-se grandes aterros.
Essa é uma realidade que a cada dia se expande mais. Enquanto a Europa e a América do Norte produzem toneladas desses resíduos e as evacuam para países emergentes, estes mesmos produzem internamente uma tremenda quantidade de e-waste, devido ao estágio de desenvolvimento em que se encontram, e logo, ficam cercados por muralhas residuais. O Brasil é um bom exemplo; importa lixo eletrônico e produz em média meio quilo de tal tipo de lixo por habitante ao ano. Por falta de estrutura, a reciclagem de todo o lixo presente nessas nações torna-se dificultosa, e ocasiona uma série de danos naturais e urbanos. A única exceção é a China, que se adequa muito bem a essa situação, e retira fortunas da reciclagem do lixo ocidental.
Entretanto, as piores conseqüências de todo este ciclo são observadas no continente africano, onde o tóxico lixo eletrônico tem um fim inadequado, gera poluição, contamina a água em algumas áreas escassas, gera doenças, e torna a dramática situação vivida pelos povos deste continente mais caótica. A piedade e a compaixão falsamente demonstradas pelas grandes potências em relação ao continente, são extintas quando se trata de situações como essa.
Como a igualdade social e o extermínio da subordinação de países subdesenvolvidos a países desenvolvidos são utopias, as únicas saídas para a melhoria desta frustrante situação são crer que convenções que abordam essa temática possam sancionar de maneira efetiva o destino e o fim deste lixo, ou esperar e assistir a transformação da crosta terrestre num grande emaranhado de circuitos de cobre e silício.
Lisi B.
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